Por quê eu preciso saber sobre preços?
Fiz uma enquete sobre a formação dos preços do combustível no stories .. quase 100% das pessoas alegaram não entender como funciona.
Então resolvi explica porque entender a formação de preço de um produto é importante para a vida e especialmente para aqueles que vendem algo, seja um bem, um serviço ou seu conhecimento e arte.
Falando em combustíveis não é tão simples resumir o que impacta na formação do seu preço. A estatal responsável pela matéria -prima que gera os combustível tem uma história marcada pelo confronto do nacionalismo e das operações de mercado. Aparentemente recursos conflitantes. É como se precisássemos sempre escolher entre defender a empresa e sua história em confronto com livres operações de preços no mercado e dilapidação do nosso patrimônio.
Porém ai está a isca. A isca que muitas pessoas envolvida pelo senso de aleatoriedade morde. Um preço não é só um preço. Ele é um processo. E para compreender seu determinismo, flutuação ou como traçar as tentativas de intervenções precisamos saber sobre o caminho. E não somente a direção final, mas qualidade, os desvios, os pesos daqueles que ali passam, entre outros termos, é necessário olhar o conjunto das substancias e contingências.
Se eu tenho maças para vender, não posso simplesmente dizer que ela custa 2,00 reais justificando ser o preço da venda do vizinho. Também não posso coloca-la as 5 reais e ignorar meu concorrente . São os dilema da formação de preço baseado na previsão de lucro, nos custos e na concorrência. Mas Karol o que o petróleo tem a ver com todo esse lenga lenga? Somos autossuficientes e pagamos muito caro vistos os custos de produção de uma unidade de barril que a Petrobrás produz.
O mercado não é uma caixa. Somos nós e os outros e todas as nossas ações conjuntas que causam influências e flutuações. Apesar da nossa autossuficiência de produção nominal, ela não é real. Não produzimos todo petróleo que usamos nos combustíveis. Especialistas apontam a debilidade do nosso parque de refino de Petróleo, segundo eles as refinarias são obsoletas, e uma parte precisa ser refinado fora do país. Então a Petrobrás produz Petróleo, e vende a empresas especializadas, logo em seguida compra parte do seu próprio Petróleo. Junta-se ai os custos que se tem com os adicionais, como o compostos que a gasolina tem com outros biocombustíveis, como o etanol.
É como no casos da maçã, eu planto, eu colho, porém não tenho o equipamento correto para distribuir sem estragar. Então eu pago alguém para fazer, eu pago alguém para embalar que esta muito longe de onde eu as fabricos, e, ainda, pago diversos impostos. Como fica os meus custo e como isso muda meu preço? Se eu não os considero no preço de venda logo terei prejuízo.
Ok, entendi. Mas se a Petrobras consegue gastar tão pouco para produzir esse petróleo, será que só o preço de refinar parte em outro lugar é suficiente para faze-lo ficar tão caro? Ai onde está o pulo do Gato – porque estamos falando de um mercado internacional. Então tudo é tratado em dólar. Se eu vou vender não posso vender em reais, porque não comprarei em reais. E o dólar vai lá nas alturas…R$5,19 – olha a disparidade.
Além disso o preço do combustível é ainda composto por impostos, fretes, entre outros elementos e tudo isso encarece ainda mais. Oscilações em qualquer um desses tantos elementos elevam o preço. Descontos no ICMS ou subsidiar parte do valor ajudariam a reduzir o preço que chega as bombas para os consumidores, porém a longo prazo provocam reações adversas como: elevação dos gastos públicos, fuga de investidores, inflação …
Por mais que queiramos a economia nem sempre atende as nossas ideologias e crenças. Precisa-se buscar formas eficiente, do contrario os caos econômico é o caminho que se instala, em gera, basta observarmos tudo de ruim que os choques ou a conta sempre chega. Uma vez o preço do petróleo provocou na economia mundial, incluindo o Brasil, uma crise terrível – choque do petróleo – quem já ouviu? O Brasil que vivia a ilusória década do “milagre econômico”, ignorando inflação, sobre um regime militar pesadíssimo – saiu disso para a década mais perdida da história econômica brasileira.
Uma última dúvida, mas a Petrobras não deveria ser uma estatal utilizada para fazer dos combustível mais barato para os brasileiros? Ao invés de dividir seus lucros para acionistas?
Sim essa poderia ser nossa nova ilusão, porém hoje boa parte do capital que mantém a Petrobras competitiva – empresa de capital aberto – é aquele que vem da sua lucratividade no mercado. Como a empresa investiria em si mesma sem a estrutura disso, como poderia manter-se para descobrir outras fontes, como o pré-sal.
Essa tentativa já foi feita, uma vez que se pensou que sem esse capital as fontes é o dinheiro poderiam vim de impostos – que apesar de pagarmos muito – tem um limite e um teto para utilização. A longo prazo se poderia pensar em duas soluções modificar os gastos e os tetos, tipo com saúde, educação e segurança (o que atualmente é crime fiscal) ou criar mais imposto para subsidiar a Petrobras… ok… achamos a solução, não , espera! Você até pode defender que isso fosse feito nas fortunas dos mais ricos, mas tem certeza que essa conta também não sobraria para você? Combustíveis mais baratos e tantas outras coisas mais caras. Não seria muito diferente né.
Mas então não há solução. Claro que sim, sempre há. E isso passa pela gestão. Não precisamos falar de privatização (apesar de boa parte dela já esta). Mas precisamos falar de decisões acertadas, com intervenções inteligentes e mercadológicas, não politicas. Porque gostemos ou não a Petrobras é um empresa de mercado aberto há muito tempo…
Pesquisadores de importantes instituições (FGV, Ibmec SP, UFRJ) tem propostos novas formas de causar impactos que possam reduzir o preço do petróleo para nós brasileiros. Passa por entender os mecanismos que formam os preços do petróleo que conta com esse fator internacional, vou listar algumas opiniões aqui:
Utilizar mecanismos de mercado como contratos de hedge cambial (hedge de preços internacionais para reduzir as oscilações do preço do barril e do dólar), com a desvalorização constante da nossa moeda essa seria uma alternativa de mercado não tão agressiva para conter os preço.
Melhorar os sistemas de alocação das refinarias (com proximidade com lugares que tenham produção de outros combustíveis, além de investir com maior precisão em modernizar os equipamentos e suas tecnologias, que estão obsoletas para nosso tipo de óleo. Assim poderíamos realizar todo refino do combustível, evitando ter que exportar o óleo para adquirir combustíveis e derivado. Desta forma cada vez mais estaríamos destrelado do mercado internacional na formação dos preços dos nossos combustíveis. E pagaríamos o justo diante da nossa própria produção.
Para formular essa resposta eu ignorei diversos pontos que deveriam ser levados em consideração, mas além da polêmica, a resposta ficaria ainda mais gigante. Aos interessados o que eu desejo dizer é que busquem mais informações. a economia apesar de ser constantemente vinculada a questões políticas, muitas vezes tem capacidade de se expressar em uma direção oposta, por isso que olhamos muitos governos, ainda que com boas tentativas, serem abalados por crises agudas e seus povos assolados pelo retrocesso e não desenvolvimento socioeconomico de anos seguidos.
Gestão não é só fazer dinheiro, é saber utiliza-lo. Não se pode ignorar o poder de mercado, porque por mais que as pessoas acreditem que vem daqueles que detém mais poder, eles também vem do povo. E a história econômica mostra isso diante de tantos ciclos. Enquanto a você, pequeno empreendedor, ou pessoa física administrador do seu dinheiro, lembre-se preços são processos, e você também faz parte disso. Há sempre um meio de fazer a nossa parte.
Esse talvez seja o ultimo ciclo do petróleo, com tantas novas opções de energia alternativa que vem surgindo, e outras tecnologias que vem substituindo os combustíveis fomentados por essa fontes, cabe a nós ao poucos, exercer nosso papel nesse processo. Afinal se eles são o lado da oferta, nós somos o lado da demanda… e sempre pode haver uma tendência ao equilíbrio, mesmo que demore.
Espero que tenham gostado! aqui não é uma opinião definitiva, nem 100% acertada, mas é uma opinião o mais sensata que os meus gatilhos estruturais permitem … rsrs!
Karolyne Costa
Economista por formação. E doutoranda em sociologia por aventura!